Atraso de dois anos eleva custo da transposição e prejudica economia das cidades de Custódia e Sertânia

sexta-feira, novembro 16, 2012
TRANSPOSIÇÃO: Atraso prejudica economia de duas cidades do Sertão

O atraso está fazendo aumentar o custo da transposição do Rio São Francisco. Iniciada em agosto de 2007, a obra deveria estar concluída até o final de dezembro deste ano, segundo previsão dada no início do ano pelo Ministério da Integração Nacional. Em janeiro, o valor informado era de R$ 6,8 bilhões. Agora, já chega a R$ 8,2 bilhões. A nova meta do Ministério da Integração Nacional é 2015. É o que mostra a última reportagem da série do NETV 2ª Edição, sobre a transposição, que deve abastecer quase quatrocentos municípios nordestinos.
A meta é levar água do Rio São Francisco a municípios de quatro estados: Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte, por dois canais de concreto, chamados de eixo norte e eixo leste. Os recursos são empregados em escavações e construção de barragens, estações de bombeamento e canais por onde nunca correu uma gota de água. Apesar disso, a presença – e agora, mais ainda, a ausência – dos trabalhadores das construtoras e dos militares encarregados do serviço mexem com a vida nas cidades. Nove mil operários chegaram a atuar nas obras.
A seca e a paralisação estão afetando também o comércio de cidades do Sertão pernambucano.
Custódia é uma das cidades que mais cresceram com a transposição. Mas o dinheiro já não circula tanto porque a obra está parada. "O período em que estava em todo o movimento foi muito favorável para os moradores . Foi aquele fluxo grande, a gente não estava preparado, e hoje a gente está sentindo necessidade daquele retorno, daquele movimento. De qualquer maneira, todo mundo quis reformar sua casa, todo mundo quis comprar seu carro, sua moto", conta o comerciante Francisco de Assis dos Santos.
Em Sertânia, o comércio amarga a decadência. Empresários como Flávia Lopes tentam se enquadrar nas mudanças da economia. Donos de várias lojas, ela e o marido investiram na reforma de um hotel de olho nos funcionários de empresas que chegavam por causa da transposição. Não deu tempo: as construtoras foram embora, fazendo sofrer donos de supermercados, padarias, lojas em geral. "Nossa expectativa é que a obra retorne, o mais depressa possível, para que a gente possa ver renda na cidade", conta Flávia.Houve um tempo em que os próprios moradores do município também foram às compras, mas isso é passado. Os clientes recuaram, não têm condições de comprar móveis, eletrodomésticos, roupa. Todo o dinheiro que entra é para comida, ração para os animais e água. Os comerciantes, inclusive, criaram um nome para a época do mês em que não conseguem vender nada: é a semana das trevas.
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