CAMPANHA ELEITORAL AMORDAÇADA - Por Edilson Xavier

sexta-feira, novembro 23, 2012


Passadas as eleições municipais, é forçoso observar a abstenção do eleitorado cada vez mais acentuada. Em Arcoverde, já se sabe que ela causou danos aos candidatos majoritários e proporcionais, como é cediço. Porém, no âmbito nacional, foi ainda maior, eis que o percentual atingido foi de 16,41%. Dois fatores preponderam: o voto obrigatório, coisa de terceiro mundo e de pais subdesenvolvido e descrença total na classe política, que a cada dia nos causa torpor. Contudo, em Arcoverde, com quase 50 Mil eleitores e 70 mil habitantes, a campanha eleitoral sofreu um desgastante processo de mordaça, o que é inédito em se tratando de cidade de porte médio. Em que consistiu essa mordaça? Não se conhece o posicionamento da prefeita eleita sobre que rumos irá tomar em relação à administração municipal que assumirá em janeiro. Não concedeu entrevista sobre o que pretende fazer em seu futuro governo, nem debateu esse tema do interesse dos arcoverdenses. Esse mutismo ocorreu também com o candidato da oposição Israel Guerra, que não falou sobre seu projeto de administrar o Município. Estranho, não? O jornalismo radiofônico, por sua vez, sequer demonstrou interesse em promover debate com os candidatos, contribuindo para o silencio total na campanha eleitoral, desmerecendo um Município de porte médio, que lidera a região. Diferentemente de outras cidades, que quase diariamente entrevistavam seus candidatos e os recebia para debates, a fim de que se conheça o que pensam sobre o futuro governo. Ao contrário disso, vislumbrou-se uma subserviência sórdida, que pairou sobre a campanha eleitoral amordaçada, que nada engrandece nossa coletividade ávida por conhecer o que pensavam os dois candidatos a prefeito. E logo em Arcoverde, que se destaca como um grande pólo em vários setores da atividade produtiva. O que se viu foi muito dinheiro gasto, em monumental abuso de poder econômico e político e na tentativa de compra de apoio de uma parte da imprensa, que se mostrou omissa e outros tipos de ajuda. O problema é que não se consegue comprar o veículo que tem mais público, ante a criação de brigadas de blogueiros, para falar a favor de governo e contra quem faz criticas a ele. É de ser dito que ditaduras entendem muito bem como se controla a imprensa. Não desejam aplausos: a única coisa que lhes importa é cortar tudo aquilo que não querem que seja publicado. Por outro lado, outro fato foi digno de chamar atenção do eleitor de Arcoverde. É que houve monumental gasto eleitoral patrocinado pelos candidatos a vereador, com campanhas milionárias, que mais se assemelhavam a campanha majoritária. Impressiona como esses candidatos ostentaram gastos em campanhas incompatíveis com seu padrão de vida. O que causa mais estupefação, é que houve um grande volume de recursos, para a conquista de mandato legislativo pouco representativo. O que justifica uma ostentação como essa posta em prática na eleição de Arcoverde? Que interesses inconfessáveis se proporão a defender na Câmara Municipal, que justificasse tanto dinheiro gasto? No mais, é lamentar o mutismo dos candidatos a prefeito, que sequer expuseram seus respectivos pontos de vista sobre o que pretendem, caso eleitos, até porque não se propuseram a debater entre si os graves problemas que ainda grassam em Arcoverde. A consequência é imediata, pois a cultura política na eleição municipal, consiste na ausência de diálogo com a imprensa, causando prejuízos ao eleitor quando tem o direito de estar bem informado do que vai na cabeça dos futuros governantes. Os debates, quando ocorrem, viraram esse jogo de surdos. E saber que parte da imprensa deu essa contribuição ao mutismo é demais para uma cidade de porte médio como Arcoverde. Ainda é tempo de se promover uma entrevista coletiva da prefeita eleita com as rádios, jornais, blogueiros, a fim de que se conheça seu posicionamento em relação à futura gestão. Havendo concordância da Prefeita, certamente será dada uma importante contribuição ao Município de Arcoverde. Esperamos, pois, que essa entrevista coletiva ocorra.

Por Edilson Xavier
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