CAMPANHA ELEITORAL AMORDAÇADA - Por Edilson Xavier
Passadas as eleições municipais, é
forçoso observar a abstenção do eleitorado cada vez mais acentuada. Em
Arcoverde, já se sabe que ela causou danos aos candidatos majoritários e
proporcionais, como é cediço. Porém, no âmbito nacional, foi ainda
maior, eis que o percentual atingido foi de 16,41%. Dois fatores
preponderam: o voto obrigatório, coisa de terceiro mundo e de pais
subdesenvolvido e descrença total na classe política, que a cada dia nos
causa torpor. Contudo, em Arcoverde, com quase 50 Mil eleitores e 70
mil habitantes, a campanha eleitoral sofreu um desgastante processo de
mordaça, o que é inédito em se tratando de cidade de porte médio. Em que
consistiu essa mordaça? Não se conhece o posicionamento da prefeita
eleita sobre que rumos irá tomar em relação à administração municipal
que assumirá em janeiro. Não concedeu entrevista sobre o que pretende
fazer em seu futuro governo, nem debateu esse tema do interesse dos
arcoverdenses. Esse mutismo ocorreu também com o candidato da oposição
Israel Guerra, que não falou sobre seu projeto de administrar o
Município. Estranho, não? O jornalismo radiofônico, por sua vez, sequer
demonstrou interesse em promover debate com os candidatos, contribuindo
para o silencio total na campanha eleitoral, desmerecendo um Município
de porte médio, que lidera a região. Diferentemente de outras cidades,
que quase diariamente entrevistavam seus candidatos e os recebia para
debates, a fim de que se conheça o que pensam sobre o futuro governo. Ao
contrário disso, vislumbrou-se uma subserviência sórdida, que pairou
sobre a campanha eleitoral amordaçada, que nada engrandece nossa
coletividade ávida por conhecer o que pensavam os dois candidatos a
prefeito. E logo em Arcoverde, que se destaca como um grande pólo em
vários setores da atividade produtiva. O que se viu foi muito dinheiro
gasto, em monumental abuso de poder econômico e político e na tentativa
de compra de apoio de uma parte da imprensa, que se mostrou omissa e
outros tipos de ajuda. O problema é que não se consegue comprar o
veículo que tem mais público, ante a criação de brigadas de blogueiros,
para falar a favor de governo e contra quem faz criticas a ele. É de ser
dito que ditaduras entendem muito bem como se controla a imprensa. Não
desejam aplausos: a única coisa que lhes importa é cortar tudo aquilo
que não querem que seja publicado. Por outro lado, outro fato foi digno
de chamar atenção do eleitor de Arcoverde. É que houve monumental gasto
eleitoral patrocinado pelos candidatos a vereador, com campanhas
milionárias, que mais se assemelhavam a campanha majoritária.
Impressiona como esses candidatos ostentaram gastos em campanhas
incompatíveis com seu padrão de vida. O que causa mais estupefação, é
que houve um grande volume de recursos, para a conquista de mandato
legislativo pouco representativo. O que justifica uma ostentação como
essa posta em prática na eleição de Arcoverde? Que interesses
inconfessáveis se proporão a defender na Câmara Municipal, que
justificasse tanto dinheiro gasto? No mais, é lamentar o mutismo dos
candidatos a prefeito, que sequer expuseram seus respectivos pontos de
vista sobre o que pretendem, caso eleitos, até porque não se propuseram a
debater entre si os graves problemas que ainda grassam em Arcoverde. A
consequência é imediata, pois a cultura política na eleição municipal,
consiste na ausência de diálogo com a imprensa, causando prejuízos ao
eleitor quando tem o direito de estar bem informado do que vai na cabeça
dos futuros governantes. Os debates, quando ocorrem, viraram esse jogo
de surdos. E saber que parte da imprensa deu essa contribuição ao
mutismo é demais para uma cidade de porte médio como Arcoverde. Ainda é
tempo de se promover uma entrevista coletiva da prefeita eleita com as
rádios, jornais, blogueiros, a fim de que se conheça seu posicionamento
em relação à futura gestão. Havendo concordância da Prefeita, certamente
será dada uma importante contribuição ao Município de Arcoverde.
Esperamos, pois, que essa entrevista coletiva ocorra.
Por Edilson Xavier
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