Ex-prostituta famosa em Arcoverde, PE, será homenageada pela Câmara

segunda-feira, maio 06, 2013
06/05/2013 14h32 - Atualizado em 06/05/2013 14h32

Nivalda de Siqueira é conhecida popularmente como Nena Cajuína. Atualmente dona de um bar, ela receberá a mais alta comenda da cidade.

Renan Holanda Do G1 PE
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Nena Cajuína (Foto: Arquivo Pessoal)Nena Cajuína nasceu em Custódia, mas foi ainda
nova para Arcoverde. (Foto: Arquivo Pessoal)
Um acontecimento curioso envolvendo a Câmara de Vereadores de Arcoverde, no Sertão pernambucano, tem causado polêmica e gerado os mais diversos tipos de comentários entre moradores do município. No último dia 15 de abril, a Casa aprovou por unanimidade uma proposta de homenagem à empresária Nivalda Rafael de Siqueira, mais conhecida como Nena Cajuína, uma prostituta famosa da cidade. Ela receberá a Medalha de Honra ao Mérito Cardeal Arcoverde, a mais alta comenda entregue pelo legislativo, dada a personalidades que possuem serviços prestados no município.

O projeto é de autoria da parlamentar Célia Cardoso (PR), que não esconde a admiração por Nena. “É uma mãe de família, que veio de Custódia e começou a trabalhar cedo, lavando prato nas casas noturnas, para sobreviver. Ela trabalhou a vida inteira para dar uma vida digna aos filhos”, explica. Conhecida por quase todos em Arcoverde, a homenageada também costumava ajudar as prostitutas que não tinham condições de criar os filhos. Uma dessas crianças, inclusive, foi adotada ainda recém-nascida pela vereadora, graças ao intermédio de Nena.

Prostituta assumida, dona Nivalda, hoje com 64 anos, começou no ramo aos 13. Atualmente, é proprietária de um bar no bairro de São Cristóvão, conhecido na região como "Colégio", de onde tira seu sustento. Ela teve três filhos, sendo que apenas um deles, um pastor evangélico, continua vivo. “Eu já tive muito cliente, mas hoje eu só vendo minha cervejinha mesmo”, diz. Além do bar, Nena ainda costuma montar barracas para comercializar bebidas em eventos que acontecem na cidade.

Mesmo com a homenagem da Câmara, o preconceito ainda existe nas ruas. Com certa frequência, Nena é alvo de piadas e, mesmo assim, não perde o bom humor típico de quem tem muitas histórias para contar. “Tem homens que eram apaixonados por mim e hoje me chamam de vó, de tia”, revela. “Antigamente, quem tinha filho homossexual trazia os meninos para mim e eu dizia que era tudo macho. Quando chegavam perguntando, eu dizia logo que o menino tinha ‘ficado’ com umas três na mesma noite”, lembra, aos risos.

Apesar de a proposta da homenagem já ter sido aprovada, a data para a entrega da medalha segue indefinida. O motivo: Nena Cajuína mostra um pouco de resistência em receber pessoalmente a comenda. No entanto, a vereadora Célia Cardoso está certa de que ela irá ceder. Recentemente, uma moradora da cidade teria dito para dona Nivalda que ela não merecia receber o “diploma”, referindo-se à medalha. A resposta veio de imediato: “Minha filha, eu já tenho esse diploma desde os 13 anos”.
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