Campanha presidencial já mostra ser de militante para militante; eleitor ‘comum’ está longe do debate
Gabriel Rossi, estrategista em marketing em São Paulo, analisa que ainda falta profissionalismo na internet para os concorrentes à Presidência. Nesta campanha presidencial, o eleitor ‘comum’ acaba ficando longe do debate.
A quatro meses das eleições, posts e comentários nas redes sociais dos pré-candidatos à Presidência da República já demonstram que, como no passado, a comunicação digital é de militante para militante. E aí o eleitor “comum” fica fora e não é atingido pelas mensagens. A avaliação é do estrategista em marketing Gabriel Rossi.
Um exemplo recente do que vem ocorrendo na comunicação digital dos pré-candidatos é o caso do jornalista Marco Bahé, que se afastou do posto de coordenador de redes sociais da pré-campanha do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, depois de publicar um comentário em seu perfil pessoal no Facebook, no qual vinculou o pré-candidato do PSDB, Aécio Neves, ao uso de drogas. “Vai ter coca, Aécio Neves”, diz o texto que foi apagado do perfil de Bahé pouco depois da publicação.
“Ainda nem estamos em campanha oficial e este é um exemplo de falta de profissionalismo e de erro estratégico de redes sociais e de marketing dos pré-candidatos”, afirma Rossi.
“Infelizmente, as redes sociais ainda estão sendo utilizadas de forma infantil e apenas para troca de farpas. Não existe apresentação de propostas, nem vontade de ouvir o eleitor, que quer ser surpreendido com discussões saudáveis de um plano de governo. É um jogo de militante para militante. E aí não se convence ninguém. É apenar um jogo para ver quem ‘grita mais alto’”, completa o estrategista.
Rossi lembra que o marketing eleitoral deve ser feito de fora para dentro, sem envolvimento emocional. “Quando se faz o contrário, a tendência é ter uma visão míope do que está ocorrendo. Consequentemente, deixa de ser feita a análise fria e imparcial tão necessária para a melhoria do desempenho do candidato” avalia, complementando que os candidatos e seus assessores ainda estão mais preocupados com a tecnologia do que com seu comportamento e o do eleitor. “Os políticos ainda não descobriram o potencial das redes sociais para a fidelização dos eleitores e a conquista de novos”.
Segundo ele, a maioria dos candidatos em todo o Brasil ainda não percebeu a necessidade de se elevar o nível da discussão na web para atingir o eleitor.
“Há muita gente que ainda acredita que a internet é boa devido à facilidade em criar boatos nada elogiosos aos concorrentes. Na maioria das vezes os marquetólogos se travestem de militantes, o que torna a campanha eleitoral um ‘jogo de sangue’. Para eles, quanto mais gente espalhando boatos, melhor. Eles se esquecem de entender e atender às expectativas dos cidadãos, ávidos por opinar”.
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