RELIGIÃO E POLÍTICA - De novo, pauta conservadora vai subir o palanque

segunda-feira, julho 28, 2014
Assim como aconteceu em 2010, temas de cunho moral, como aborto e casamento homoafetivo, deverão surgir na caça ao voto para a Presidência da República. De olho no filão, campanha de Dilma criou comitê
A chamada Bancada Evangélica mostra força desde a redemocratização do País, na época da Constituinte
A criação por parte da campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) de um comitê evangélico, na última terça-feira, 22, demonstra o poder crescente que o setor tem conquistado na política brasileira. Segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2010, os evangélicos constituem 22,2% da população. 

A influência evangélica na política, entretanto, não é recente. “Desde a década de oitenta, os pentecostais, e dentro deles, principalmente, a Assembleia de Deus e a Igreja Universal, passam a participar da política eleitoral”, afirma o professor de Sociologia da Religião da Universidade Metodista de São Paulo Dario Paulo Barreira Rivera.

“A bancada evangélica surgiu no Congresso Constituinte de 1986. A partir dali ela se consolidou como força, o que resultou na criação da Frente Parlamentar Evangélica (FPE) em 2003”, constata Magali do Nascimento Cunha, professora de pós-graduação da Universidade Metodista de São Paulo e especialista em comunicação e religião.

De acordo com a professora, o perfil conservador dos parlamentares evangélicos é algo recente. Segundo ela, no início de suas atuações políticas, eles se preocupavam mais com a criação de feriados e de benefícios para templos. “A novidade é o forte tradicionalismo moral que trouxe para si a defesa da família e da moral cristã contra a plataforma dos movimentos feministas e de homossexuais, valendo-se de alianças até mesmo com parlamentares católicos”.
 
Eleições 2014
Para Dario Rivera, pautas de cunho moral, como a proibição do aborto e do casamento homoafetivo, que marcaram os debates de 2010, deverão retornar este ano. “A sociedade brasileira está pautando esses direitos, embora as igrejas pentecostais não consigam acompanhar as discussões”, avalia.

Para Magali, essa pauta conservadora já está dada desde 2013, quando o deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) foi alçado à presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados.

“Todos os desdobramentos daquele episódio, incluindo a realização de marchas de evangélicos a Brasília e em capitais de estados do País, estabeleceram a pauta conservadora que trabalha para frear todo avanço em termos de concessão de direitos sexuais”, avalia a professora.
Raul Galhardi
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