“Carta aos Eleitores” por Luiz Felipe da Silva Andrade

sexta-feira, outubro 03, 2014

Mais uma vez se aproxima a tão esperada época do pleito eleitoral, momento em que o povo pode exercer o seu maior dom, posto pela Constituição Federal de 1988. O dom do VOTO!
Momento este sublime, onde cada eleitor com a ponta dos dedos transfere seu poder, o qual dele emana, a uma determinada pessoa – doravante denominada de Político, estes dedos, acabam chancelando os representantes do povo os quais serão ungidos deste poder de representação por 4 (quatro) anos ou no caso dos Senadores por 8 (oito), esta, senhores, é a maior demonstração da democracia e do exercício da cidadania, este é de fato o momento em que as coisas mudam, ou ao menos assim deveria ser.
Infelizmente nossa realidade é bastante diferente. Esta é a época na qual deveriam ser apresentadas as contas – no sentido de ações perpetradas e não no mero entender contábil, dos que já foram eleitos. Como também de apresentação dos projetos dos que pretendem ingressar na vida Pública, ocorre que este momento acaba se tornando mais uma festa de “pão e circo” para a população, orquestrado pelos Ilustres candidatos. Pois, tudo que deveria ser feito ao longo dos 4 (quatro) ou 8 (oito) anos de representação, acaba sendo feito nos momentos finais que antecedem o pleito eleitoral, isso quando se é feito.
Por isso, muitas vezes penso que as eleições deveriam ser anuais, pois pelo menos assim as obras teriam um início e um fim e as ações tão prometidas sairiam do campo das palavras e das idéias para se tornarem realidades.
Além disto, o período eleitoral trás outro efeito interessante, os candidatos (com “c” minúsculo), ao menos nessa época, acreditam que tudo pode… tudo se faz… tudo acontece e, o pior, que TODOS viram SANTOS. O que mais se vê é o candidato que não sabe quais são as competências de um Vereador ou de um Prefeito prometendo mundos e fundos, promessas estas que muitas das vezes não são nem de longe possíveis, pois, não são da alçada de competência dos cargos almejados.
Assim sendo, o eleitor deveria se inteirar do que fazem os seus dignos representantes e até mesmo podar esse tipo de comportamento “marketeiro-político”, entretanto para a minha infelicidade e de todos, o que acontece é justamente o oposto… Vereadores prometendo perpetrar ações que seriam de competência de Prefeitos (ou Deputados) e, vice e versa.
Nestas horas em que me encontro em reflexão/desespero, vem à mente o célebre texto “O Analfabeto Político” de Bertolt Brecht, no qual ao tratar da alienação política do povo assim assevera: (…) da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.
Um dos graves problemas dos seres-humanos é justamente a transferência de culpa, TODOS são culpados, menos ele… Se a rua não está asfaltada a culpa é do GOVERNO, se não tem médicos a culpa é do GOVERNO, se não tem luz a culpa é do GOVERNO. Agora eu pergunto, quem escolhe o GOVERNO?
Depois, o povo reclama quando o Poder Judiciário permite o registro de fulano ou beltrano… Ora minha gente, o Poder Judiciário não é o dono da República e muito menos tem a função de ser babá da população, a escolha de um representante é um ato sublime e, para que o Poder Judiciário decida retirar o mandato outorgado de forma legítima a um Político, existe um grande peso a ser vencido primeiro esse peso chamam-se eleitores, pois fomos NÓS que colocamos o GOVERNO onde ele se encontra hoje.
Não estou aqui a negar o dever do Poder Judiciário, mas sim, estou tentando mostrar a quem quiser ver… Que somos NÓS os primeiros fiscais, somos NÓS os primeiros guardiões da Constituição, somos NÓS os primeiros paladinos na defesa do dinheiro público e da ética.
Uma vez, o eleitorado desse país se rebelou e se fez presente, naquela oportunidade um presidente fora deposto – sendo um dos primeiros países a realizar um processo de impeachment. Assim sendo, basta a população conhecer o poder que detém para que as coisas comecem a mudar, o país não aguenta mais viver às sombras da corrupção.
Busca o presente subscritor, com essas palavras, não apenas expor seus tormentos que se encontravam reprimidos, mas sim, chamar a atenção dos que queiram, pois não se ganha uma guerra lutando sozinho e, a guerra contra a corrupção em busca de um país melhor não pertence só ao Judiciário, ao Ministério Público e às demais entidades, ela pertence em primeiro lugar a todo e qualquer cidadão digno.
Por isso, no dia 05 de outubro de 2014, tenham a consciência que o maior PODER de mudança… o verdadeiro PODER para a melhora do país encontra-se nos dedos de cada eleitor desse país de berço esplêndido.
Luiz Felipe da Silva Andrade
Advogado e membro da JPSDB Rondônia
-- CURTA E COMPARTILHE --

Nenhum comentário:

Tecnologia do Blogger.