Obama estende tapete vermelho a Dilma
O Presidente dos Estados Unidos reenviou convite à presidente Dilma Rousseff para fazer uma visita de Estado a Washington, em um passo diplomático que autoridades norte-americanas esperam que leve a um período de maior comércio entre as duas principais economias das Américas; Dilma faria uma visita ao país em outubro de 2013, mas cancelou a viagem após revelações de que a agência norte-americana teria espionado suas comunicações pessoais; o vice-presidente dos EUA, Joe Biden, refez o convite a Dilma em um telefonema em 13 de março; visita seria a primeira de um presidente do Brasil a Washington desde 1995.
Por Brian Winter
SÃO PAULO (Reuters) - O governo do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, reenviou um convite à presidente Dilma Rousseff para fazer uma visita de Estado a Washington, em um passo diplomático que autoridades norte-americanas esperam que leve a um período de maior comércio entre as duas principais economias das Américas.
Inicialmente, Dilma faria uma visita de Estado em outubro de 2013 aos EUA, que inclui um jantar de gala na Casa Branca e se considera uma das mais fortes expressões de laços de amizade entre países aliados.
Mas a presidente cancelou a viagem após revelações, feitas com base nos vazamentos do ex-colaborador da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA) Edward Snowden, de que a agência teria espionado suas comunicações pessoais. Na ocasião, Dilma disse que era "incompatível" com a convivência entre países amigos.
Após mais de um ano de esforços diplomáticos em ambos os países para melhorar as relações, o vice-presidente dos EUA, Joe Biden, refez o convite a Dilma em um telefonema em 13 de março, de acordo com fontes com conhecimento da conversa, que falaram à Reuters sob condição de anonimato.
Biden ofereceu a Dilma a opção de escolher entre uma visita de Estado em 2016 ou uma viagem de alto nível, porém menos formal, ainda em 2015, disseram as fontes, uma vez que o calendário de visitas de Estado já está lotado este ano com as viagens dos líderes do Japão e da China.
Dilma ainda não respondeu qual é sua preferência, segundo as fontes, mas tem dito desde junho passado que está interessada em deixar para trás a polêmica da NSA e remarcar a visita.
O convite para a visita de Estado, que seria a primeira de um presidente do Brasil a Washington desde 1995, é uma rara boa notícia atualmente para Dilma, cuja popularidade despencou desde a descoberta de um escândalo bilionário de corrupção na Petrobras e diante dos problemas econômicos enfrentados pelo país.
Apesar dos problemas internos, e da agenda relativamente fraca para uma visita no momento, autoridades norte-americanas acreditam que uma forte demonstração de apoio ao Brasil pode aumentar o acesso dos EUA à economia brasileira, que é cerca de 75 por cento maior que a do México.
"Apesar de nossas relações algumas vezes terem tido problemas, estamos apostando no sucesso e no aumento de importância do Brasil", disse uma autoridade dos EUA.
Dilma já manifestou expectativa de que a visita resulte num relacionamento mais próximo no setor de defesa, incluindo transferências de tecnologia que podem ajudar empresas brasileiras, como a Embraer. O governo também deseja maior acesso da carne brasileira ao mercado norte-americano, segundo uma autoridade.
Os dois países discordaram nos últimos anos sobre várias questões de política externa, com o Brasil evitando por vezes criticar publicamente o governo de esquerda da Venezuela, por exemplo.
Mas os laços econômicos continuaram a crescer.
O consulado dos EUA em São Paulo emite mais vistos do que qualquer outra missão norte-americana no exterior, com quase 600.000 em 2014, cerca do dobro de 2010. Diplomatas costumam brincar que os turistas brasileiros sozinhos recuperaram a economia de Miami e Orlando nos últimos anos.
O comércio bilateral totalizou 72 bilhões de dólares em 2014, alta de 20 por cento em relação a 2010, com superávit de 12 bilhões de dólares a favor dos EUA, de acordo com o Departamento de Comércio norte-americano. Os EUA são o segundo maior mercado de exportação do Brasil, atrás apenas da China.
Líderes empresariais de ambos os países têm feito lobby pelo fim das disputas entre os países.
"Os setores privados dos nossos países estão bem à frente dos setores públicos em termos de integração", disse Susan Segal, presidente do Conselho das Américas, organização com sede em Nova York com laços com empresas norte-americanas. Segundo ela, uma visita de Estado seria "um grande avanço".
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