‘Quem tem força moral, reputação ilibada e biografia suficientes para atacar minha honra?’

quarta-feira, outubro 14, 2015
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Dilma:”Sou presidenta porque fui eleita pelo povo, em eleições lícitas. Tenho a legitimidade das urnas, que me protege e a qual tenho o dever de proteger.” Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
A presidenta Dilma Rousseff fez, na noite desta terça-feira (13), um discurso em defesa da democracia e de seu mandato, e afirmou não temer o golpismo e seus defensores porque lutou a vida inteira pela liberdade. Ela afirmou que, se preciso, irá à luta mais uma vez pela democracia brasileira.
“Eu me insurjo contra o golpismo e suas ações conspiratórias e não temo seus defensores. Pergunto com toda a franqueza: quem tem força moral, reputação ilibada e biografia limpa suficientes para atacar a minha honra?”, questionou ela, na abertura do 12º Congresso da Central Única dos Trabalhadores (Concut), em São Paulo.
“Nunca me permiti cometer qualquer ilegalidade. Nunca fiz da atividade política e da vida pública meios para obter vantagem pessoal de qualquer tipo”, acrescentou.
Dilma declarou que setores oposicionistas “querem criar uma onda que leve, de qualquer jeito, ao encurtamento do meu mandato, sem fato jurídico, sem qualquer materialidade que me desabone”.
“O que antes era inconformismo, por terem perdido a eleição, agora transformou-se em um claro desejo de retrocesso político, de ruptura institucional”, afirmou a presidenta. “Isso tem nome. É um golpismo escancarado”.
Ela sustentou que a oposição vota contra medidas que aprovou no passado e que espalha ódio e intolerância no Brasil.
“Nessa política de quanto pior melhor, não há nenhum comedimento, nenhum limite, nenhum pudor, porque votam contra o que fizeram quando estavam no poder. Envenenam a população todos os dias nas redes sociais e na mídia”.
Disse ter consciência de que a tentativa de tirá-la do cargo não é um processo apenas contra ela.
“É contra o projeto que fez do Brasil um país que superou a miséria, que elevou milhões de pessoas às classes médias, que construiu um poderoso mercado interno. Esse Brasil que hoje pode se orgulhar de ter a primeira geração de crianças que não conheceu o flagelo da fome, a primeira geração de crianças que teve oportunidade de estudar”.
Dilma garantiu que lutará para defender o mandato e a democracia. 
“Sou presidenta porque fui eleita pelo povo, em eleições lícitas. Tenho a legitimidade das urnas, que me protege e a qual tenho o dever de proteger. Sou presidenta para defender a Constituição e a democracia, tão duramente conquistada por nós”.
Ela acrescentou estar pronta para travar lutas civilizatórias, como a luta de gênero e a luta contra o racismo e a intolerância. A presidenta destacou que ainda tem muito para fazer no mandato que lhe foi concedido por 54 milhões de brasileiros, como a implementação do Plano Nacional de Educação e a reforma do sistema de representação política.
“Sou presidenta para dar continuidade ao processo de emancipação do nosso povo da pobreza e da exclusão e para fazer do Brasil uma nação de oportunidades para todas e todos”.
Ressaltou, em seu discurso, a importância da Central Única dos Trabalhadores na batalha em defesa da democracia brasileira e disse que a central e ela seguirão juntos na defesa dos direitos.
“Assim como sempre estive ao lado dos movimentos sociais nestas lutas, sei que a CUT continuará lutando as lutas que nós todos defendemos ao longo da nossa historia, ao meu lado, em defesa da democracia e dos direitos dos brasileiros”.
A presidenta fez menção ao lema do 12º  Concut, segundo o qual “direito não se reduz, se amplia”, e afirmou: “Permito-me acrescentar que democracia não se reduz, se amplia”.
“A hora é de arregaçar as mangas e combater o pessimismo e a intriga política. Quem quiser dialogar, construir a paz política, construir o futuro, terá meu governo como parceiro”.
Dilma encerrou seu discurso homenageando o ex-presidente do Uruguai, José Mujica, que passou 13 anos preso antes de chegar ao poder.
“Cito aqui, sobre democracia, as sábias palavras de Don Pepe Mujica. Ele diz: esta democracia não é perfeita porque nós não somos perfeitos. Mas temos de defendê-la para melhorá-la, não para sepultá-la”.
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