Garoto de 10 anos cria museu para o Rei do Baião na zona rural do Crato

terça-feira, janeiro 12, 2016

Em pleno sertão do Cariri cearense, um garoto de apenas 10 anos após realizar uma visita ao museu Gonzagão de Luis Gonzaga na cidade de EXU no Pernambuco em 2013 se apaixonou pelo  "Rei do Baião" e na casa da bisavó na zona rural da cidade iniciou o seu museu sobre Gonzagão. .  
A história do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, e do homem sertanejo é contada demaneira simples e didática, em um museu dedicado ao cantor no distrito Dom Quintino a 25km da cidade Crato.
A ideia partiu do estudante Pedro Lucas Feitosa, de apenas 10 anos, que após uma visita ao “Museu do Gonzagão”, na cidade de Exu, Pernambuco, em 2013, encantou-se pelo espaço e resolveu construir o seu próprio lugar de exposição. Ainda pequeno, o garoto ganhara de uma tia, um dvd com as principaismúsicas do cantor nordestino, o qual ouvia diariamente. A inspiração veio com a música “Numa sala de Reboco”, composição do músico com o poeta José Marcolino. Depois disso, Pedro Lucas resolveu transformar a casa da bisavó, já falecida, num espaço que intitulou de “Museu de Luiz Gonzaga”. O nome foi escrito à mão num pedaço de madeira.
Localizado no alto de um morro, chamado Alto da Antena, a poucos metros daCE 386, tudo é muito simples e organizado. Pedro também recebe a ajuda doprimo, Kaio Everton, de 7 anos, que faz a função de “gerente”. No local, épossível encontrar instrumentos de trabalho, usados pelo sertanejo, tais comoenxadas, foices, machado e enxadecos, além de utensílios domésticos, entreeles ferro a brasa, penteadeira, pilão e cabaças, doados por pessoas da localidade.
Todo o acervo é dividido em alas, com destaque para o local onde fica uma sanfoninha de brinquedo em meio a sandálias de couro, e fotografias do cantor, que Pedro Lucas faz questão de afirmar que se trata de uma “representação do rei do baião e todas as suas músicas”. A mala, por exemplo, retrata “a vida do viajante”, enquanto a sanfona faz a vez da música “Sanfona do povo”, sem contar a sandália de couro, que nunca acaba.
Quando perguntado sobre o apreço pelas músicas do Rei, o garoto responde “não saber afirmar” e diz apenas que “tem uma coisa na música de Luiz Gonzaga que é uma tentação pra mim, que é bom demais”.
Vindo de uma família de agricultores, Pedro Lucas é criado pelas avós, maiores incentivadores. Antonio Feitosa, de 55 anos, disse ter ficado surpreso com a ideia do filho. “Eu achava que um menino da idade dele num dava certo pra essas coisas, nunca achava que ia dar certo, porque os meninos de hoje quer é saber das coisas modernas de hoje, e ele se inspirar logo num homem que nem Luiz Gonzaga, num rei”.
Orgulhoso, o avô ressalta os méritos do garoto nos estudos: “Sempre passa por média”. O sentimento é divido com a esposa, Maria Salete de Souza, de 50 anos. Ela afirma, exigente, que o estudo vem primeiro e só depois o neto pode brincar. Para a agricultora, “é melhor ele tá brincando no museu do que na rua”. “Eu espero que ele melhore e tenha um futuro melhor, né? Através desta arte, porque é o que ele mais gosta”, afirma.
De acordo com Ricky Seabra, diretor do Museu de Arte Vicente Leite de Crato, o museu de Pedro Lucas demonstra que o esforço de se criar e de se manter um museu não advém do trabalho de técnicos, mas sim da paixão e voluntariado. Os grandes museus do mundo começaram pequenos com pessoas que entendem o valor de preservar e compartilhar histórias. A paixão de Pedro Lucas pelo que faz é contagiante. Seabra, afirma não ficar surpreso se no futuro, o espaço se tornar o maior e mais rico museu do Cariri.
Sonhos
A rotina do garoto, que vai cursar o sexto ano do ensino fundamental, além de estudar, é toda dedicada ao museu. Se para alguns é brincadeira, para o jovem o trabalho é “levado a sério”. Questionado se prefere brincar de bola ou cuidar do museu, o menino não titubeia: “cuidar do museu”, ele diz. 
 No entanto, como toda criança de sua idade, Pedro Lucas, possui sonhos:também quer ter uma sanfona como de seu Luiz e aprender a tocá-la, conhecer alguns cantores e seguir a profissão de museólogo. “Meu futuro é ser museólogo, para incentivar mais as pessoas pra saber como era antigamente”, ele finaliza.
O espaço dedicado a Luiz Gonzaga, em Dom Quintino, funciona de segunda a domingo das 8 às 17h. Está localizado à Rua Alto da Antena, nº 69, distrito Dom Quintino, na cidade de Crato. Contato: 88 996514532
Reportagem Especial - Rony Rodrigues
(Site Sertão Alerta)     
-- CURTA E COMPARTILHE --

Nenhum comentário:

Tecnologia do Blogger.