Dilma chama Temer de ‘traidor’ e ‘ilegítimo’, e defende novas eleições
A ex-presidente Dilma Rousseff foi entrevistada pelo programa
“UpFront”, da rede de televisão Al Jazeera, do Catar. A entrevista,
conduzida pelo jornalista Mehdi Hasan, aconteceu no Rio de Janeiro e foi
ao ar nesta sexta-feira (16).
A conversa foi baseada no processo de impeachment de Dilma, que
respondeu de maneira firme às perguntas contundentes do jornalista de
nacionalidade britânica. “Ficou cada vez mais claro que o que me tirou
do governo foi um golpe de estado”, afirmou a petista, que prosseguiu.
“Os objetivos desse golpe de estado eram dois. Primeiro: impedir que
as investigações sobre corrupção chegassem até esses que hoje ocupam o
poder. Segundo: implantar no Brasil o resto do processo de liberalização
econômica de políticas de privatização, de flexibilização do mercado de
trabalho. E sobretudo, retirar completamente os pobres do orçamento do
Brasil”.
TEMER E ELEIÇÕES DIRETAS
Na entrevista, Dilma Rousseff atacou o agora presidente Michel Temer e disse que, para ela, ele é “ilegítimo” no cargo.
Ele
(Temer) obviamente é um presidente ilegítimo do Brasil porque o
processo que o levou ao governo é um processo baseado em rasgar a
Constituição Brasileira”, disse a ex-presidente, que colocou o Senado
como aliado de Temer.
Dilma também chama Temer de “traidor”, ressaltando que eles (chapa)
foram eleitos defendendo um programa de governo que não incluía a PEC do
Teto, que congela os gastos públicos, incluindo investimentos em saúde e
educação, durante 20 anos.
“Eu jamais esperei que ele (Temer) fosse um traidor. E ele é um
traidor. Ele não me traiu como a pessoa Dilma Rousseff, ele traiu o
presidente da República, traiu uma instituição. Além disso, ele traiu
uma campanha ... porque fomos eleitos com um programa, e este programa
não previa que congelaria os gastos com educação e saúde nos próximos 20
anos", afirmou a petista, referindo-se às medidas extremas de aprovadas
pelo governo de Temer.
“Tem que se eleger um novo presidente da República para que esse golpe seja, de fato, barrado”, completou Dilma.
CRISE ECONÔMICA
Sobre a relação do governo do PT com a crise econômica, Dilma se
defendeu das acusações. “A teoria é que eu produzi a crise econômica com
uma gastança. E é mentira”.
PEDALADAS
Perguntada se quebrara alguma regra diante das acusações de “pedaladas fiscais", a ex-presidente foi firme.
De
jeito nenhum. Esse é um impeachment fraudulento. Fizeram isso porque
não tinha como falar que eu tinha dinheiro no exterior, que eu recebia
algum tipo de propina ou que eu tinha tido algum outro tipo de
malfeito”.
Além disso, ela acusou a grande imprensa brasileira de ter influenciado no processo de impeachment.
“Cinco famílias no Brasil controlam a mídia. O viés da mídia é
absoluto contra mim, contra o PT e contra o fato de que tiramos 40
milhões de pessoas da pobreza e o país do mapa da fome”, afirmou.
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