O rumo de Pernambuco em 2018: quem será o governador?
Nessa segunda-feira (1º), primeiro dia do ano, uma pergunta vai começar a se intensificar entre a população relacionada à eleição que ocorre no mês de outubro: quem será eleito governador de Pernambuco? Ou conseguirá Paulo Câmara (PSB) ser reeleito revertendo um quadro desfavorável associado à sua imagem?
Se pouco se sabe ainda sobre como será desenhado o caminho nestes nove meses antecedentes ao pleito, uma afirmação é certa: os possíveis pré-candidatos já devem se posicionar cada vez com mais firmeza em busca de conquistar votos dos pernambucanos. Os nomes, até agora, já colocados não trazem grandes novidades. Supõe-se que Paulo Câmara (PSB) deve lutar pela reeleição. Outros políticos cogitados a concorrer o pleito já são velhos conhecidos como o senador Armando Monteiro (PTB), que parece não desistir de comandar Pernambuco lembrando que o petebista concorreu, em 2014, com Câmara e perdeu com uma margem grande de votos.
Também não é descartado na disputa, apesar de ferrenhas críticas de uma parte da população, o ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM), que avisou neste ano em um discurso contundente que não tem medo de grito. A declaração foi dada quando participava de um evento, no Recife, e foi surpreendido com a presença de manifestantes. Acusado de ser cúmplice do presidente Michel Temer no que diz respeito a cortes na área educacional, Mendonça não parece se sentir intimidado e chegou a dizer que o Brasil não tem donos e que nenhum “grupeiro partidário” vai impedi-lo de trabalhar.
Apesar do quadro já previsível, um caso a parte deve chamar a atenção nos discursos. O senador Fernando Bezerra Coelho, que se desfiliou do PSB e agora integra o PMDB, e o governador
Paulo Câmara (PSB) devem protagonizar troca de críticas. Se por um lado, FBC deve seguir o raciocínio de convencer o eleitor de que “o estado parou”, como já afirmou recentemente, por sua vez o pessebista pode usar o argumento de “traição”.
Mulheres na disputa
Uma possível candidatura da vereadora Marília Arraes (PT), que já se colocou à disposição da legenda para entrar na disputa pode trazer, embora pequena, uma novidade: além de ser neta de Miguel Arraes, o que pode ganhar um suporte por esse motivo, é mulher e caso seu nome for o escolhido poderá acrescentar em seu discurso a importância do empoderamento da classe.
A importância do papel da mulher nesse contexto será o foco do PSOL em Pernambuco no pleito. A legenda já avisou que a chapa majoritária será composta exclusivamente por mulheres. A pré-candidata ao Governo do Estado será a advogada e historiadora Danielle Portela. Ela afirmou recentemente a importância do segmento no momento que o país passa: “A mulher precisa ser protagonista do seu próprio discurso”, ressaltou.
Sem grandes novidades
Para a cientista política Priscila Lapa, a eleição de 2018 no estado não irá trazer grandes novidades. De acordo com ela, Paulo Câmara vai trabalhar no sentido de manter o maior número de partidos na tentativa da reeleição. “Ele teve uma certa tranquilidade durante todo o mandato em relação à sua base. Ele não teve maiores problemas de dissidências. As dissidências começaram a aparecer agora quando se começa a desenhar esse cenário eleitoral, mas ele é um candidato que ainda tem muito poder de barganha porque a maior parte dos prefeitos são aliados do governo e grande parte dos deputados. Ele tem uma maioria na assembleia”, explicou.
No entanto, Lapa disse que a oposição pode se fortalecer com o passar do tempo. “Não é uma oposição do caminho natural que é o PT, mas sim uma oposição de um conjunto de atores que possuem o poder de buscar recursos em Brasília. São pessoas que foram ministros do atual governo ou que estão como ministro como, por exemplo, Mendonça Filho e Fernando Filho, que possuem uma grande articulação nos ministérios e que têm capacidade de trazer recursos para o estado e, portanto, acabam tendo uma posição mais fortalecida para disputar com o governador Paulo Câmara”.
Lapa também falou que, apesar dos eleitores estarem em busca dos políticos que representam o novo, há um receio de trocar o certo pelo duvidoso. “Essa questão do novo, as pessoas estão em busca disso, mas na hora de decidir na urna, o que pelo menos historicamente se conhece é que o eleitor busca uma segurança de não trocar o certo pelo duvidoso. A tendência nas campanhas é que os postulantes comecem a resgatar os feitos que eles realizaram ou que o partido deles realizou como um programa exitoso e trazer isso para a memória do eleitor”.
O discurso sobre a segurança ganha peso
A cientista ainda ressaltou que a questão da segurança pública é uma variável que vai “causar” muito no debate durante e antes da campanha, o que pode desfavorecer o governador. “Mas, por outro lado, existe uma nacionalização do discurso da segurança, então é uma coisa que Paulo já vem se defendendo e a tendência é que ele faça isso fortemente durante a campanha mostrando que a violência não é um problema isolado em Pernambuco. É um problema que o Brasil inteiro piorou os índices”.
“Mas Pernambuco, se for comparar com outros estados, não teve uma queda no orçamento da segurança. Talvez ele [Paulo Câmara] não esteja sabendo digerir bem esse orçamento, mas o orçamento não faltou. Talvez tenha faltado gestão, um líder capaz de tocar o Pacto pela Vida com a mesma maestria que Eduardo campos tocava, mas o orçamento não foi cortado como a gente está vendo agora no Rio Grande do Norte, onde faltou dinheiro para pagar os policiais. Isso não aconteceu em Pernambuco, então essa é uma variável que vai causar, mas ela talvez seja relativizada pelo aumento da violência no cenário nacional. Talvez, se a oposição insistir nesse tema da segurança, o governador já vem treinando para se defender. Ele ganhou tempo. Talvez ele não chegue despreparado para sofrer um ataque nesse sentido”.
Lapa salientou que o tema sobre corrupção não necessariamente define uma eleição por mais que alguns se utilizem da tática de serem “ficha limpa”. “Antigamente era mais ou menos assim: uma força contra a outra acusando sobre determinado escândalo, mas agora não. Todos os partidos, de alguma forma, têm o seu telhado de vidro, então isso tende a não decidir. Vai ser um discurso que vai estar presente esse da ficha limpa, mas não decide sozinho a eleição, não vai ser capaz”.
Ainda ressaltou que a crise econômica será muito tocada. “Muitos governadores, que vão buscar sua reeleição, vão falar um pouco do que eles não conseguiram realizar em decorrência dessa crise econômica, que atingiu diretamente a capacidade dos governos de cumprirem as suas promessas de campanha de 2014”, complementou.
Portal LeiaJá
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