Saudade do nosso saudoso Luiz Gonzaga - Há 29 anos partia o nosso Gonzagão eterno "Rei do Baião"
Luiz Gonzaga com seu pai Januário |
Por Juliano Oliveira
Nobres Leitores, O Blog Diário Político Custodiense, em uma singela homenagem ao saudoso Rei do Baião pelos 29 ano de saudades. Pesquisou através dos anais da história de nossa querida Custódia e encontrou no Blog Custódia Terra Querida do amigo Paulo Peterson esse importante registro do senhor José Melo. E por fim, registrar a maior homenagem que a nossa querida Custódia fez através do governo Belchior Ferreira Nunes que com sua visão de sertanejo mandou editar o livro "Luiz Gonzaga o Matuto que Conquistou o Sertão" o qual conta sua vida e morte. Mas, como eu tenho meu coração franciscano acabei emprestando meus melhores livros a alunos incompetentes por ter uma biblioteca carente e nunca me devolveram de volta. Peço ao vereador e pré-candidato a deputado estadual Gilberto de Belchior, filho do saudoso ex-prefeito e a sua assessoria se meus dados estão corretos. Como se foi no governo do pai dele, se o titulo do livro está correto e se o espirito não me engane foi autoria do jornalista abaixo citado onde eu destaco: Últimas palavras do Rei do Baião, Gildson Oliveira com participação de Ivan Ferraz.
EU E O REI
Tive o privilégio de assistir a alguns espetáculos do imenso Luiz Gonzaga, nas principais fases de sua vida artística.
No auge de sua vitoriosa carreira, assisti pela primeira vez a um show do Rei do Baião em Custódia. Era o lançamento de uma campanha da empresa do Governo do Estado, na gestão de Cid Sampaio, acho que no início dos anos sessenta. COPERBO era o nome da empresa, dedicada a fabricação de borracha sintética. Foi o lançamento do BS – Bônus da Sorte. Não recordo direito, mas parece que se tratava de uma campanha publicitária para aumentar a arrecadação. O contribuinte juntava as notas fiscais de suas compras e trocava por bônus, que concorriam a diversos prêmios. O apresentador do show era o famoso radialista Tavares Maciel, que na época apresentava um conhecido programa na Rádio Club de Pernambuco, que era o Programa “Quem Manda é o Freguês”, das Casas José Araujo.
Assisti um outro show, também em Custódia, que aliás precedeu aos famosos showmícios: foi um comício de F. Pessoa de Queiroz, do Sistema Jornal do Comércio, candidato a senador.
Por fim, assisti a um show que hoje eu consideraria deprimente para a dimensão do Rei do Baião: uma apresentação do Rei do Baião em um circo de periferia, sem cobertura, também em Custódia, e que mostrava a decadência do Rei: cantava em um microfone pendurado por cordões em um palco empoeirado da Rua da Várzea, para um diminuto público. Seria cômico, não fosse uma verdadeira tragédia para quem chegou aos píncaros da glória como o Rei do Baião.
Mas o Rei voltou com força total, e até a sua morte fez valer o dito popular: quem é rei, nunca perde a majestade.
Também fui “vítima” de uma brincadeira do Rei. Certa feita, ainda criança, eu me dirigia para o sítio Bom Nome, a pé, e bem no meio da curva do “S”, uma “Marinete” (Espécie de micro-ônibus da época), marrom, empoeirada, se joga para o meu lado, me obrigando a descer o aterro para não ser atropelado. Quando volto à cidade, constatei que era a “Marinete” do Rei do baião, que estava almoçando no Hotel Sabá. Foram esses os momentos de minha relação com este que ainda hoje é meu verdadeiro ídolo: Luiz “Lua” Gonzaga, o Rei do Baião.
Por José Soares de Melo
Últimas palavras do Rei do Baião:
A última entrevista concedida por Luiz Gonzaga a imprensa foi para o jornalista Gildson Oliveira, através de Ivan Ferraz, no dia 02 de junho de 1989. Recife foi o local escolhido por Luiz Gonzaga para passar seus últimos momentos de vida.
Já o último show de Luiz Gonzaga foi realizado no dia 06 de junho de 1989, no Teatro Guararapes do Centro de Convenções de Recife, lugar com capacidade para receber 5.000 espectadores, onde recebeu homenagens de vários artistas do país. Antes de finalizar o show, o Rei do Baião proferiu estas palavras da forma como está escrito: “Boa Noite minha gente! (…) Minha gente, não preciso dizer que estou enfermo. Venho receber essa homenagem, estou feliz, graças à Deus, por ter conseguido chegar aqui. E estou até melhor um pouquinho. Quem sabe, né? .... Quero ser lembrado como o sanfoneiro que amou e cantou muito seu povo, o sertão; que cantou as aves, os animais, os padres, os cangaceiros, os retirantes, os valentes, os covardes, o amor. Este sanfoneiro viveu feliz por ver o seu nome reconhecido por outros poetas, como Gonzaguinha, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Alceu Valença Jorge de Altinho, Nando Cordel e outros.... Quero ser lembrado como o sanfoneiro que cantou muito o seu povo, que foi honesto, que criou filhos, que amou a vida, deixando um exemplo de trabalho, de paz e amor. Ah! Quero ser lembrado como o sanfoneiro que amou e cantou muito seu povo, o sertão; que cantou as aves, os animais, os padres, os cangaceiros, os retirantes, os valentes, os covardes, o amor. Gostaria que lembrassem que sou filho de Januário e dona Santana. Gostaria que lembrassem muito de mim; que esse sanfoneiro amou muito seu povo, o Sertão. Decantou as aves, os animais, os padres, os cangaceiros, os retirantes. Decantou os valentes, os covardes e também o amor. (…) Muito obrigado.”
Na quarta feira, 21 de junho de 1989, às 10:00h, o velho Lua foi levado às pressas ao Hospital Santa Joana, permanecendo 42 dias internado, aonde veio a falecer. Palavras de Luiz Gonzaga na UTI do hospital: “Vocês não me levem a mal, sinto muitas dores e gosto de aboiar quando deveria gemer.” Luiz Gonzaga travava naquele hospital uma luta imensa contra a morte, e o Brasil todo ficava cada vez mais preocupado com o estado de saúde de seu maior defensor. Luiz Gonzaga não resistiu, o Brasil e o mundo ficou enlutado com o seu último suspiro. A Asa Branca da Paz voava para a eternidade deixando um grande exemplo de vida a ser seguido.
A MORTE DO REI DO BAIÃO:
O Rei do Baião faleceu numa quarta-feira, dia 02 de agosto de 1989, às 5:15 minutos da manhã, no Hospital Santa Joana, em Recife. Foi na Veneza Brasileira que Luiz Gonzaga dava seu último suspiro. Seu corpo foi velado na Assembléia Legislativa de Recife nos dias 02 e 03 até às 9:45 minutos da manhã. Depois foi levado para o Juazeiro do Norte/CE, onde também foi velado na Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, às 17:00 horas, na mesma igreja onde repousa os restos mortais de Pe. Cícero Romão Batista. Apesar do corpo do Rei do Baião ter chegado ao aeroporto de Juazeiro Norte às 15:20 minutos do dia 03 de agosto. A família queria levá-lo direto para o Exu-PE. Mas o filho Gonzaguinha disse as seguintes palavras já no aeroporto de Juazeiro:“Tudo bem, vamos entrar na cidade, se o povo quer, que vamos fazer?"
No final da noite da quinta-feira, dia 03 de agosto de 1989, o corpo do Rei do Baião foi levado para a sua terra natal, a querida Exu/PE. Lá foi velado na Igreja Matriz de Exu Bom Jesus dos Aflitos, durante o restante da noite do dia 03 de agosto e durante o dia 04 de agosto. Após a missa de corpo presente conduziram o caixão para o sepultamento no Cemitério São Raimundo às 15:45 minutos. Das centenas de coroas de flores que estavam espalhadas na referida matriz do Exu/PE, oferecidas por fãs de Luiz Gonzaga, estava uma do repórter Gildson Oliveira que transcreveu a seguinte mensagem:“Amado Lula: o silêncio acende a alma… O País canta sua voz… Os pássaros se entristecem com a partida da Asa Branca, mas fica em nossos corações a sua história. E a nossa festa é esta. Quem crê em Cristo, mesmo que esteja morto viverá.”
O corpo de Luiz Gonzaga foi levado no carro corpo de bombeiros, passando por diversas ruas da cidade rumo ao Cemitério São Raimundo, local onde aconteceram as últimas manifestações de carinho, àquele que só foi alegria. O caixão desceu a sepultura depois que Gonzaguinha, Dominguinhos, Alcimar Monteiro e mais de 20 mil pessoas cantarem a música ASA BRANCA às 16:50 minutos. Luiz Gonzaga foi embalado no seio da terra na sexta feira, no mesmo dia da semana, que ele nasceu. Uma outra coincidência é que ele morreu no amanhecer do dia, assim como ele nasceu no amanhecer do dia 13 de dezembro de 1912.
Tadeu Patrício, pesquisador da cultura popular e admirador da obra artística de Luiz Gonzaga, eterno Rei do Baião, espero ter contribuído de alguma maneira com estas informações colhidas do livro, Porque o Rei é imortal! da autoria de Antonio Francisco Costa e do amigo professor, José Nobre de Medeiros.
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