Uso excessivo de telas afeta desenvolvimento infantil

segunda-feira, julho 11, 2022



Estudo realizado pela Uniderp aponta que 47,5% das crianças avaliadas durante a pesquisa, em MS, apresentaram desenvolvimento neuropsicomotor atrasado.


Não é segredo que o uso desenfreado de telas preocupa os pais da atual geração; tampouco que tal dependência vem interferindo nas relações emocionais e sociais dos pequenos, principalmente no pós-pandemia.  


Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), 93% das vezes o uso da tecnologia acontece pelo aparelho celular, com exibição de vídeos e filmes, redes sociais, jogos, programas e séries; e o mal está no tempo de atenção dada a essas atividades.  


Por conta dessa crescente, a Uniderp realizou um estudo com o objetivo de analisar os efeitos da intensificação do uso de telas durante a pandemia da COVID-19 e as possíveis repercussões no desenvolvimento neuropsicomotor infantil. 


Iniciada em 2021, a pesquisa coordenada pela médica infectologista pediátrica e professora do curso de Medicina da Uniderp, Ana Lúcia Lyrio de Oliveira, aponta que 47,5% das crianças avaliadas apresentaram um desenvolvimento neuropsicomotor atrasado, constatando a necessidade de serem acompanhadas a longo prazo. “Foi possível concluir que houve um aumento do uso de telas devido à pandemia da COVID-19 no cotidiano da maioria dos pacientes avaliados. Mais de 50% das crianças que apresentaram resultados de atraso, tiveram um aumento significativo do uso de telas”, afirma a especialista. 


O uso de telas tem aumentado consideravelmente entre as crianças em idade de desenvolvimento, desde lactentes até a adolescência, de maneira progressiva na atual cultura em todo o âmbito mundial; e o atraso no desenvolvimento físico e psíquico já vinha sendo associado a essas atividades. “O grupo infantil foi altamente afetado durante o isolamento social, sendo uma das principais “vítimas” das telas, tanto para lazer, quanto para cumprimento de tarefas escolares, como as aulas on-line. Logo, tal uso exacerbado pode acarretar complicações biopsicomotoras”, aponta Ana Lúcia.   


A especialista conta que a pesquisa, que teve como alvo crianças de 0 a 12 anos atendidas em ambulatório geral, segue etapas de coleta de dados, entrevistas, aplicação de testes, finalização do artigo e deverá ser concluída em setembro deste ano. 


Orientação aos pais 


A falta de tempo, atenção e até mesmo afeto, abre espaço para que crianças e adolescentes busquem preencher esse vazio com produtos, atividades e companhias muitas vezes destrutivas que pouco, ou nada acrescentam na esfera social e psíquica. É nessa avaliação que o cuidado dos pais é a melhor ferramenta. “Depois de um dia exaustivo de trabalho, separar um período para brincar, fazer uma refeição juntos ou ouvir sobre as tarefas do dia pode ser desafiador, mas é preciso. Tempo de qualidade requer sacrifício e dedicação”, enfatiza a pediatra. 


Ana Lúcia destaca que a recomendação do uso de telas é de: 3 horas por dia para o público de 11 a 18 anos, incluindo o uso de videogames; 2 horas para crianças entre 6 e 10 anos de idade; e 1 hora diária para as de 2 a 5 anos. Lembrando que disponibilizar tais aparelhos para interação de crianças menores de dois anos não é indicado. 


Irritabilidade, ansiedade, depressão, déficit de atenção e hiperatividade são alguns dos sintomas que servem de alerta. “O descontrole gerado por esse universo atrativo da internet pode provocar ainda transtornos do sono, obesidade, exposição à sexualidade, comportamento agressivo, problemas de visão e até audição por conta dos fones com volumes altamente elevados. Ao identificar tais comportamentos o acompanhamento deve ser feito por um profissional da saúde”, alerta a médica.

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