‘Câmeras gigantes no céu’: novos satélites de vigilância ameaçam privacidade em todo o mundo
Foto: Albedo Via the New York Times
Nova classe de satélites espiões preocupam especialistas em privacidade. Dispositivos poderiam ser usados por potências estrangeiras e registrar lugares ‘proibidos’
Durante décadas, os especialistas em privacidade foram cautelosos no que diz respeito a tecnologias de bisbilhotagem da Terra a partir do espaço. Temiam que satélites poderosos conseguissem se aproximar dos indivíduos a ponto de capturar close-ups que diferenciassem adultos de crianças ou distinguissem banhistas decentemente vestidos daqueles adeptos de andar no estado natural.
Foto: Kevin Mohatt/The New York Times
Agora, de repente, segundo os analistas, uma startup está construindo uma nova classe de satélites cujas câmeras, pela primeira vez, farão exatamente isso.
“Estamos perfeitamente conscientes das implicações que isso tem com relação à privacidade”, disse em entrevista Topher Haddad, chefe da Albedo Space, a companhia que fabrica os novos satélites, acrescentando que a tecnologia que sua empresa está desenvolvendo captará imagens de pessoas, mas não será capaz de identificá-las, e que, ainda assim, a Albedo está tomando medidas administrativas para resolver adequadamente as questões de privacidade.
Qualquer pessoa que viva no mundo moderno já se familiarizou com a diminuição da privacidade em razão do aumento de câmeras de segurança, de rastreadores integrados aos smartphones, de sistemas de reconhecimento facial, de drones e de outras formas de monitoramento digital. Mas os especialistas ressaltam que o que torna a vigilância que nos observa do alto potencialmente assustadora é sua capacidade de invadir áreas antes consideradas intrinsecamente fora dos limites.
“Essa é uma câmera gigante que fica no céu. Qualquer governo pode usá-la a qualquer momento sem nosso conhecimento. Definitivamente, deveríamos estar preocupados com isso”, afirmou Jennifer Lynch, conselheira geral da Electronic Frontier Foundation, que, em 2019, insistiu para que os reguladores civis de satélites resolvessem essa questão.
Do outro lado, Haddad e apoiadores da tecnologia da Albedo dizem que os benefícios reais devem ser considerados, especialmente quando se trata de combater catástrofes e salvar vidas. “Você pode ver qual casa está pegando fogo e para onde as pessoas estão fugindo”, comentou D. James Baker, ex-chefe da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica, que licencia, nos Estados Unidos, os satélites civis geradores de imagens.
Com sede na área de Denver, no Colorado, a Albedo Space tem 50 funcionários e arrecadou cerca de US$ 100 milhões. A empresa planeja lançar seu primeiro satélite no início de 2025, confirmou Haddad, que prevê operar com uma frota de 24 veículos espaciais.
R7
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