O bom de memória - por José Melo
Por: José Soares de Melo
Antes
do advento do radinho de pilha e dos modernos equipamentos de som, toda
cidade do interior que se prezasse, teria que contar com suas
“difusoras”, como eram conhecidos os sistemas de som, compostos de um
amplificador, um microfone, e várias “cornetas”, também conhecidas por
“boca de aço”, pelo seu volume estridente, dependuradas nos postes de
iluminação da cidade, e até mesmo em árvores.
Custódia
contava com dois desses sistemas de som. A “Duas Américas”, de
propriedade do meu sogro, o falecido Adamastor, e a Voz do PTB, de um
político local.
A
“Duas Américas” fazia o que poderia ser um Programa do Ouvinte, onde as
pessoas iam ao estúdio, pagavam uma taxa, e faziam os seus pedidos
musicais.
Contava
Adamastor, que quando foi lançada uma música de Luiz Gonzaga, chamada
de “Juazeiro”, foi um sucesso extraordinário. Choviam pedidos na “Duas
Américas”, e certa vez um jovem chegou a pedir cerca de trinta vezes,
para rodar a música. Esta, no início tinha um trecho que repetia,
monotonamente:
- “Juazeiro, Juazeiro, me arresponda por favor”!
Perguntado pelo locutor porque tantas vezes aquela música, o rapazola disse que queria aprender, para cantar prá namorada.
Finalmente quando já não se agüentava mais de se ouvir aquela mesma música, o rapaz deixa de pedir a mesma, justificando:
- Agora eu aprendi a “musga” !!!!
E sai cantando desafinadamente:
– “Cajueiro, Cajueiro, me responda por favor!”
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