Carta de Dona Esperança para Dilma Rousseff
Uma Senhora enviou uma carta dirigida a Dilma Rousseff. Ela se identifica como “Dona Esperança, uma brasileira (ainda) crédula”. Informa que nasceu em Brasília. Hoje, reside em Bauru, no interior de São Paulo. Declara-se “apartidária e defensora da reeleição da presidenta”. Pede ao repórter que publique a carta. O texto vai abaixo:
Prezada presidenta Dilma Rousseff, a senhora não me conhece. Mas como eu, meu marido e meus filhos ajudamos a pagar o seu salário, acho que tenho o direito de me meter na sua vida. Estou convencida de que a senhora continuará presidindo o nosso querido Brasil a partir de janeiro de 2015. Não quero adicionar novas preocupações às que já a atormentam. Mas sinto que é meu dever alertá-la para algo que talvez lhe tenha escapado. Refiro-me, presidenta, à secura do ar de Brasília, que, nessa época do ano, fica irrespirável.
Tenho uma tese sobre o ar seco da Capital: ele exerce sobre os presidentes um efeito mais deletério do que as conspirações do PMDB e dos outros partidos que se dizem aliados. Não conheço o Palácio da Alvorada, presidenta. Contudo, baseando-me em tudo o que já li a respeito do projeto de Niemeyer, estou convencida de que o problema do ar seco é ainda mais grave nesta tumba envidraçada que lhe serve de residência. É de torrar os miolos.
Muita atenção, presidenta. Sobretudo na hora de dormir. Espalhe toalhas molhadas pelo quarto. Coloque uma bacia d’água sob a cama. Se algum assessor sugerir umidificadores elétricos, desconfie. Eles podem espalhar fungos pela atmosfera. E os perigos do ar seco serão acrescidos de riscos que vão de uma intoxicação das vias respiratórias até o Michel Temer. Todo cuidado é pouco, presidenta.
Nos últimos dias, tenho notado que a senhora faz declarações perigosas e toma decisões temerárias. Nos discursos, fala como se quisesse extrair dividendos políticos da Copa do Mundo. Nos atos, trocou segundos de propaganda eleitoral por cargos e outras benesses. Reinstalar o PR do Valdemar Costa Neto no Ministério dos Transportes foi demais, presidenta. Devolver o Dnit para essa legenda notória será um acinte!
Só posso atribuir esse excesso de insensatez às correntes de ar seco do Alvorada. A alternativa seria duvidar da sanidade de uma presidenta que aprendi a admirar pela defesa dos valores éticos e morais. Por favor, senhora Dilma Rousseff, não permita que eu me arrependa do voto que dei em 2010 e que pretendo renovar em 2014! Proteja-se. Lembre-se: toalhas molhadas e bacia d’água. Nada de umidificadores elétricos. Desejo-lhe sorte.
Bauru, 6 de julho de 2014.
Dona Esperança, uma brasileira (ainda) crédula.“
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