Política nas redes sociais: muito barulho pelo quê?

sexta-feira, agosto 01, 2014

Políticos levam disputa para campo virtual, mas efeito no eleitorado ainda é pouco relevante
As redes sociais têm recebido atenção gradativamente maior de candidatos e seus apoiadores. São usadas como espaço de autopromoção e, como mostraram Ciro Gomes (Pros) e Gaudêncio Lucena (PMDB) na última quarta-feira, também de agressões mútuas. Mas, comparando-a com meios de comunicação tradicionais, a Internet ainda não influencia um número eleitoralmente relevante de cidadãos.

“As redes sociais ainda não têm peso significativo. A atual eleição é que vai possibilitar uma avaliação melhor disso”, diz Francisco Moreira Ribeiro, da Universidade de Fortaleza (Unifor). “Na disputa de 2012 se falou muito de como as redes sociais exerceram influência sobre o eleitorado, mas não se tem nenhum indicativo disso”.

Polêmicas virtuais
Várias polêmicas protagonizadas por figuras destacadas da política cearense nos últimos anos começaram ou se desenrolaram nas redes sociais (ver quadro ao lado). Atentos ao potencial da Internet tanto para promover suas imagens como para prejudicar as dos adversários, candidatos contratam equipes que gerenciam publicações e monitoram citações em sites como Facebook, Twitter e Youtube. Mas jornais, rádios e canais de televisão continuam tendo efeito maior sobre o eleitorado.

“A partir do momento em que um fato ganha as redes sociais, vai envolvendo as pessoas nesse processo de tomada de posição. Mas não é um número significativo. As pessoas que se preocupam com política nas redes sociais ainda é muito pequeno. Não acho que as redes tenham uma relevância política significativa, capaz de mudar os rumos de uma eleição”.

Além disso, observa Moreira, os usuários das redes geralmente têm opinião já formada sobre os fatos e personagens políticos que acompanham, comentam e compartilham.

“São pessoas com posições já definidas. Os candidatos podem até conseguir angariar alguma coisa em termos de eleitorado por meio das redes, mas o número não é representativo do universo”.

Desse modo, o efeito acaba sendo maior com a repercussão em outras mídias, seja em jornais, rádios, TVs ou em grandes portais na própria Internet, cuja audiência é maior que a dos perfis nas redes sociais.

Audiência em queda

1. CRISE DA TV
A audiência de todas as emissoras de TV caiu em julho em relação a junho, informou ontem o jornalista Lauro Jardim, no site da revista Veja. A Globo caiu de 15 para 14,3 pontos na Grande São Paulo, onde o Ibope faz as medições. Também caiu a audiência de Record (6,3 pontos para 5,7), SBT (5,5 para 5,4), Bandeirantes (3 para 2,6) e Rede TV! (0,9 para 0,8 pontos). 

2. CRISE DA TV 2
Desde julho de 2013, os canais pagos, somados, têm mais audiência, entre assinantes de TV por assinatura, que a Globo. Antes, mesmo entre assinantes, a Globo tinha mais ibope que todos somados - num sinal da força que mantém. Outro sinal foi a abertura da Copa. A Globo teve 35 pontos de audiência este ano. Em 2010, foram 45. Em 2006, foram 65 pontos.

3. INSERÇÕES
Até o ano passado, a maior audiência da história das TVs fechadas havia sido em 2006, em função da fuga de telespectadores em função do horário eleitoral. Por isso, as inserções dos candidatos, nos intervalos comerciais fora do horário eleitoral, crescem em importância, por atingirem inesperadamente aqueles que não assistem regularmente a propaganda eleitoral.

4. COMUNICAÇÃO
Embora mais importantes, as inserções a que os candidatos têm direito no meio da programação compõem um conjunto. “Normalmente são veiculados nas inserções os aspectos mais importantes das propagandas em bloco”, afirma a professora Rejane Vasconcelos Carvalho, pesquisadora da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Bruno Pontes

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