Marco Damiani, 247 – Uma
manobra de ultrapassagem espetacular e uma chegada definida na última
hora estão desenhadas na disputa pelo segundo lugar na corrida
presidencial. Em alta nas últimas quatro pesquisas Datafolha, nas quais
recuperou cinco pontos percentuais enquanto a adversária Marina Silva
perdeu, na mesma plataforma, nove pontos também em quatro levantamentos,
Aécio Neves já deixou Marina, do PSB, para trás na região Sul e está em
empate técnico no Norte e no Sudeste.
Para crescer ainda mais, a ponto de desfechar uma virada sobre Marina, o
ex-governador de Minas concentra-se nesta última semana no corpo a
corpo em Minas, Rio de Janeiro e São Paulo.
Marina Silva, que nesta segunda-feira 30 fez campanha em São Paulo, num
evento para intelectuais, enfrenta problemas que Aécio não tem. A
direção do PSB está às turras, com brigas públicas entre o candidato a
vice Beto Albuquerque e o presidente Roberto Amaral. Aécio, se ainda não
tem o apoio que gostaria de ter dos tucanos paulistas, animou a
militância do partido e ouviu, como disse, seu telefone “voltar a
tocar”.
Escorregando e caindo em contradições, como a versão desmascarada pela
presidente Dilma Rousseff, em debate pela TV, sobre seu voto a favor da
CPMF, que na verdade foi contra, Marina é alvo de críticas diárias. O
pior para ela é o fato de não estar conseguindo responder a estes
desafios da campanha. Prova está no declínio acentuado que ela vem
apresentando em todas as pesquisas.
Com uma rejeição apurada pelo Datafolha em 20%, Aécio está à frente de
Marina também nesse quesito. Ela não seria votada por 23% do
entrevistados da pesquisa divulgada na terça-feira 30.
- As tendências costumam se acentuar no final de semana da eleição e,
especialmente, no próprio dia, avaliou o diretor do Datafolha, Mauro
Paulino, a respeito das curvas de Aécio e Marina.
Entre a sexta-feira 26 e a terça 30, a candidata do PSB perdeu dois
pontos, contra um alta também de dois pontos de Aécio. Marina caiu nas
últimas quatro pesquisas Datafolha e Ibope, Aécio cresceu no mesma
sequência de levantamentos. Nessa velocidade, ninguém vai estranhar um
apontamento para uma típica situação de empate técnico entre eles já na
sexta-feira 3, quando sairá um novo Datafolha.
A estrutura incomparavelmente maior do PSDB sobre o PSB tem tudo para
marcar uma diferença crucial na reta final. Na base, o partido dos
tucanos tem uma militância nas grandes cidades como São Paulo e, em
particular, Belo Horizonte, que os socialistas nem sonham em contar. Aos
pedidos por “garra” transmitidos pelo ex-presidente Fernando Henrique,
que antes falava em “não melindrar” Marina, os tucanos estão procurando
corresponder num cerco de entusiasmo a Aécio.
O senador tem, porém, sem próprio limites. O ponto mais baixo de Marina,
que fez 20% dos votos na última eleição presidencial, pode ser maior
que o dele. O melhor resultado de Aécio nos grandes institutos foi de
22%. Se ele resgatar essa melhor performance, provavelmente terá feito o
suficiente, de maneira heroico, para passar para o segundo turno. Lá,
como circula entre os políticos, ‘é outra eleição’.
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