“Veja é fábrica de mentiras e de ódio”, afirma ex-presidente Lula

sexta-feira, outubro 24, 2014
Em entrevista ao 247, o ex-presidente Lula reagiu, com indignação, à manobra eleitoral de Veja, que publicou acusações, sem prova, como a própria revista admite, contra ele e a presidente Dilma Rousseff, às vésperas do segundo turno; “A Veja é a maior fábrica de mentiras do mundo. Assim como a Disney produz diversão para as crianças, a Veja produz mentiras. Os brinquedos da Disney querem produzir sonhos. As mentiras da Veja querem produzir ódio”, disse ele ao jornalista Paulo Moreira Leite, diretor do 247, em Brasília; Dilma foi ao horário eleitoral e anunciou medidas judiciais contra a publicação da Marginal Pinheiros; “Veja vai fracassar no seu intento criminoso”, disse ela; eis um trecho da reportagem de Veja que fala por si: “O doleiro não apresentou – e nem lhe foram pedidas – provas do que disse”; crime eleitoral escancarado, que atenta contra a democracia brasileira.


Poucas horas depois de tomar conhecimento da reportagem de capa da VEJA, Luiz Inácio Lula da Silva reagiu de forma indignada em entrevista ao 247:
— A Veja é a maior fábrica de mentiras do mundo. Assim como a Disney produz diversão para as crianças, a VEJA produz mentiras. Os brinquedos da Disney querem produzir sonhos. As mentiras da VEJA querem produzir ódio, disse ele, referindo-se a um elemento da química eleitoral que adquiriu uma presença importante na campanha de 2014.
Poucos políticos brasileiros foram alvo de tamanha quantidade de reportagens negativas por parte da VEJA como Luiz Inácio Lula Silva. Reportagens erradas, bem entendido, que não debatiam suas ideias políticas, nem o PT, mas questionavam seu caráter e sua formação. Os dois episódios mais conhecidos ocorreram no ano de 2006, quando Lula disputava a reeleição — momento especialmente propício para desastres midiáticos, como se sabe.
Em maio a revista publicou a denúncia de que Lula e vários ministros possuíam contas secretas no exterior. Como aconteceu com a capa “Eles sabiam de tudo”, a revista não possuía informações confiáveis para sustentar o que dizia, admitia isso perante os leitores — mas não se furtou lançar acusações gravíssimas que, se fossem comprovadas, levariam a um impeachment do presidente. Mas era uma farsa grotesca, com dados que não combinavam, misturados num enredo mirabolante. O autor da apuração chegou a deixar claro a seus superiores que a história não batia, possuía várias contradições — mas ela foi publicada mesmo assim.
Em outubro daquele ano, às vésperas do pleito onde Lula disputou a reeleição, VEJA publicou “O Ronaldo de Lula,” onde sugeria que Fábio Luís, filho do presidente, havia feito fortuna atuando como lobista do governo do pai. Havia dados e números sobre os negócios de Fábio Luís mas nenhum episódio que provasse o que se insinuava.
No início do ano passado, Lula e Roberto Civita, o dono da editora Abril, foram vizinhos no hospital Sírio Libanês, em São Paulo. Lula seguia no tratamento contra o câncer na laringe, do qual se recuperou, enquanto Civita cuidava do aneurisma no abdômen, causa de sua morte. Informado da gravidade da doença do empresário, Lula decidiu lhe fazer uma visita de cortesia. Civita reagiu com surpresa à chegada do ex-presidente. Em determinado momento, Civita lembrou-se da matéria sobre Fábio Luíz e disse a Lula que lamentava terem feito aquela acusação sem provas. Lula tranquilizou Civita. Disse que não fora ali para discutir, mas para lhe desejar boa sorte. Poucos minutos depois, retirou-se.
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